quarta-feira, 30 de março de 2011

O Morro da Liberdade mostra que tem samba também



Em 1967, a criação da Zona Franca de Manaus (ZFM) marcou uma nova fase de prosperidade no Amazonas, com a instalação do comércio de importados e do Distrito Industrial, situado a 6 km do Centro, na Zona Leste da cidade, no início da BR-319.

Nos primeiros anos, a ZFM funcionou como um grande shopping center para todos os brasileiros.

O regime militar não permitia importações de bens supérfluos e dificultava a saída de brasileiros para o exterior exigindo uma pequena fortuna como depósito compulsório.

Sair do país, só se fosse de vez. Era a época do “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”.

A expansão de atividades produtivas e comerciais decorrentes da criação da ZFM, associada ao desenvolvimento de serviços públicos e ações sociais implantadas pelo Governo, atraiu milhares de famílias vindas do interior do Estado e de outras localidades do país.

A população urbana saltou de 300 mil habitantes (1970) para 800 mil habitantes (1980).

Infelizmente, como Manaus não possuía infraestrutura adequada nem oferta suficiente de emprego para toda essa população, o resultado foi uma operação matemática desastrosa: menos infraestrutura básica e menos emprego igual a mais violência urbana.

Esse impacto foi sentido com maior intensidade pelos moradores da Zona Sul, porque o problema aconteceu praticamente em seus quintais: a população excedente, na sua grande maioria formada por pessoas de baixa qualificação profissional, cultural e educacional, iniciou a ocupação desordenada dos igarapés, que foram tomados por palafitas e casebres.


Lixo e dejetos domésticos eram jogados na água, que se tornou imprópria para a fauna aquática.

O acúmulo de lixo e a eliminação das matas ciliares provocaram o assoreamento do leito dos igarapés.

Tornaram-se comuns as enchentes e transbordamentos dos igarapés nos períodos de chuva.

As doenças de veiculação hídrica, como hepatite, malária e dengue, começaram a se multiplicar.


No caso dos bairros próximos do Distrito Industrial, incluindo São Lázaro, Bethânia, Colônia Oliveira Machado, Morro da Liberdade, Santa Luzia e Educandos, de onde vinha o grosso dos trabalhadores das fábricas, o crescimento da violência urbana foi decorrente da impessoalidade das relações envolvendo os novos moradores aliada a uma nascente desestruturação familiar.

As primeiras trabalhadoras das linhas de montagem do Distrito Industrial eram meninas com menos de 20 anos, oriundas do interior.

Ingênuas, boas e bonitas, tornaram-se presa fácil dos predadores sexuais existentes nas fábricas.


Em média, cerca de 30% dessas trabalhadoras (ou, na época, 15 mil mulheres) tornaram-se mães solteiras logo nos primeiros anos.

As mais bonitas e gostosas, foram penalizadas duplamente: mal saíam de uma gravidez, já eram engravidadas novamente pelos colegas de batente.

Tornou-se comum, na cidade, garotas com pouco mais de 20 anos já mães de dois ou três moleques, de pais diferentes.

A falta de creches para as trabalhadoras do Distrito Industrial agravou o problema.


Alguns anos depois, quando começou o processo de robotização das fábricas, com demissão em massa das mulheres trabalhadoras (uma máquina de inserção automática sozinha fazia o trabalho de 500 montadoras), os problemas sociais foram potencializados.

O desemprego de ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao ingresso na criminalidade.

O desemprego mexe com sua autoestima e o faz pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser reconhecido, de sair do anonimato.

Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, recebendo um estímulo forte para o consumo via tevê e rádios, sem modelos próximos que se contraponham ao que o crime oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio), um indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.

Filhos de mães solteiras, criados sozinhos ou pela avó, ou por uma tia mais jovem, os moleques começaram a reagir.


No final dos anos 70, quando algumas gangues infanto-juvenis do Morro da Liberdade começaram a fazer incursões habituais ao centro de Manaus, para roubar tênis Tiger e camisetas Hang Teng (o sonho de consumo de dez em cada dez jovens manauenses), os meninos do Morro perceberam a gravidade da situação.

O bairro estava começando a ganhar uma indesejável má fama por conta dos pequenos delitos praticados por esses pivetes, divulgados com grande estardalhaço pela mídia impressa.

Aquilo era uma bomba-relógio e se não agissem rápido, com certeza, iria explodir.


Em 1978, uma turma de amigos do Morro da Liberdade – Jairo Beira-mar, Eli da Costa Manso, Menezes, Chumbada, Roberto Benéfico, Aníbal, Chico Perneta, Pirulito, Zeca do Passo e Chocolate, entre outros – começou a se reunir em frente à barbearia do Baiano ou na Oficina do Abdon, nas tardes de sábado e nas manhãs de domingo, para promover animadas rodas de samba, regadas a birita.

Sua área de atuação era nas proximidades do campo do Bariri.


Na mesma época, mas em outra parte do bairro, nas imediações da sede do Libermorro, uma outra turma de amigos – Bosco Saraiva, Neto Bacurau, Calama, Maleta, Roque e Sabá, entre outros – fazia a mesma coisa no Bar do Lateral (“seo” Antenor).

Os dois grupos de sambistas acabaram se unindo com o propósito de iniciar um trabalho comunitário mais abrangente, que envolveria, inclusive, o resgate da autoestima dos moradores, cada vez mais abalada por conta da má fama do bairro.

No bairro de Educandos, João Batista havia fundado o GRES Em Cima da Hora e a maioria dos brincantes era oriunda dos bairros próximos (Aparecida, Morro da Liberdade, Santa Luzia, Colônia Oliveira Machado, São Lázaro e Betânia).

A exceção eram os moradores da Cachoeirinha, Petrópolis e Raiz, que preferiam desfilar pelo bloco Andanças de Ciganos ou pelo GRES Vitória Régia, da Praça 14 de Janeiro.

Como as cores da escola de Educandos eram o azul e branco, os meninos do Morro resolveram criar um bloco de embalo chamado “Acadêmicos do Morro”, que seria, posteriormente, reaproveitado como uma das alas da escola de samba Em Cima da Hora.


Até 1979, os desfiles de blocos de sujo, blocos de embalo (ou de empolgação), escolas de samba e batucadas ocorriam na avenida Eduardo Ribeiro, no centro histórico de Manaus, cuja ornamentação incluía pinturas no asfalto.

De 1980 a 1990, os desfiles passaram a ser feitos na avenida João Alfredo, atual Djalma Batista.

O bloco de embalo “Acadêmicos do Morro” iria estrear junto com a inauguração da nova passarela do samba.

Dispostos a fazer uma apresentação de gala, a bateria começou a ensaiar exaustivamente.

Os meninos do Morro também elaboraram dezenas de alegorias de mão à base de ráfia, um carro abre-alas que trazia o símbolo do bloco (um gigantesco “surdo de marcação”, cheio de batida de caju) e providenciaram um suporte móvel, que conduzia um amplificador movido à bateria de caminhão acoplado em duas bocas de ferro.

O puxador do samba-enredo era Jairo Beira-mar.

Apesar dos convites feitos na base do boca a boca, pouca gente quis participar da empreitada.

Para se ter uma ideia, o carro alegóricos, as alegorias, os instrumentos da bateria, o suporte móvel e todos os brincantes couberam dentro da carroceria de um caminhão pertencente ao brincante Clodoaldo Santos.

Quando o bloco foi armado na imponente avenida Djalma Batista (não havia “dentes de dragão” separando as duas pistas, o que lhe deixava ainda mais gigantesca, apesar das arquibancadas armadas no entorno), os cerca de 40 brincantes – incluindo a bateria – quase voltaram correndo pra casa.

Dentro da nova passarela do samba, o bloco “Acadêmicos do Morro” simplesmente havia tomado chá de sumiço.


Com exceção dos dois passistas (Japão e Zeca do Passo), que se jogavam no chão feito duas cobras enlouquecidas, passavam embaixo das duas passistas (Negona e Marluce), davam cambalhotas, piruetas e espaguetes, e, ainda por cima, fingiam tocar pandeiro, ninguém mais se divertiu.

Quanto mais os brincantes se espalhavam na avenida, para ocupar os espaços, mais a multidão percebia que estava diante de uma farsa.

Apesar de a bateria ter dado um show à parte, o desfile foi um vexame e o bloco acabou ali mesmo, na saída da avenida.

Apesar do desfile do bloco ter ficado muito aquém da expectativa, Jairo Beira-mar resolveu continuar insistindo, mesmo praticamente sozinho.

Ele convenceu Zé Santana a ceder a sede do Libermorro e o DJ Ernesto Coelho a emprestar uma aparelhagem de som, e começou a realizar animadas rodas de samba, nas manhãs de domingo.

A ideia de Jairo Beira-mar era transformar aquele espaço em um polo aglutinador dos sambistas do Morro.

A má vontade de Zé Santana, entretanto, para quem “roda de samba era coisa de vagabundo”, acabou por inviabilizar o projeto.

Por ironia do destino, Zé Santana, muitos anos depois, acabou se transformando em um dos grandes incentivadores do GRES Reino Unido.


Em 1981, Flávio, que morava no Morro e trabalhava no Estaleiro São João, convenceu o armador Nilo Tavares Coutinho, dono do estaleiro, a contratar a bateria Nota Dez do extinto “Acadêmicos do Morro” para animar o desfile do bloco de embalo “Caxangá na Folia”, patrocinado pelo armador.

Considerado uma das atrações do carnaval de rua, o abre-alas do bloco era sempre um majestoso barco regional feito de compensado, mas extremamente realista.

O barco, evidentemente, era pilotado pelo próprio Nilo Coutinho, sempre fantasiado de almirante, enquanto os seus convidados desfilavam fantasiados de marinheiros.

A bateria do bloco, entretanto, era de quinta categoria.

Depois de muitas negociações, os meninos do Morro foram contratados a peso de ouro para animar o desfile do bloco.

Diariamente um ônibus apanhava os batuqueiros no Morro, levava até a ilha do Caxangá, esperava o ensaio da bateria acabar, o lanche ser servido e depois os trazia de volta. Uma mordomia federal.


Bosco Saraiva era o diretor de bateria e Mestre Arnoldo o puxador do samba-enredo, composto pelo Mestre Chocolate.

O armador estava rindo com as paredes. Com aquela bateria fenomenal e aquele samba-enredo empolgante, o “Caxangá na Folia” seria, com certeza, o campeão dos blocos de embalo daquele ano.

Os cinco bois, 18 leitões, 500 frangos, 200 quilos de calabresa e os dez mil litros de chope para a festa de comemoração do título já haviam sido encomendados.

No dia do desfile, os meninos do Morro estavam mais empolgados do que nunca.

Durante o aquecimento, executaram alguns samba-enredos clássicos, das escolas de samba do Rio de Janeiro, e, depois de quinze minutos e várias rodadas de cachaça, começaram a tocar o samba-enredo do “Caxangá na Folia”, puxado por Mestre Arnoldo: “Onde mora a alegria/ Na ilha da Fantasia.../ Onde está a felicidade/ Caxangá tá na folia...”.

O armador Nilo Coutinho abriu logo uma garrafa de Moet & Chandon de cinco litros e distribuiu várias taças entre os convidados.

Estava mais mais alegre do que mosquito em manga podre .


O bloco começou a desfilar.

Quando se aproximavam da cabine dos jurados, o diretor de bateria, Bosco Saraiva, percebeu que a plateia não estava dando a mínima para o desfile e resolveu chutar o pau da barraca.

Com um apito, ele interrompeu a batucada.

Aí, chamando Sabazinho e Maleta, foi incisivo:

– Negócio seguinte. Esse nosso samba não tá com nada. Vamos animar essa gente bonita, que veio aqui, prestigiar o desfile, tocando o samba da Portela desse ano, que todo mundo conhece de cor e salteado e vai cantar com a gente...

Dito isso, deu dois apitos, a bateria entrou arrepiando, Mestre Arnoldo abriu o vozeirão e a plateia foi junto, no embalo:

“Deixa-me encantar/ Com tudo teu e revelar lalaiá lalaiá/ O que vai acontecer/ Nesta noite de esplendor/ O mar subiu na linha do horizonte/ Desaguando como fonte/ Ao vento a ilusão teceu/ O mar (ôi o mar)/ Por onde andei mareou (mareou)/ Rolou na dança das ondas/ No verso do cantador/ Dança quem tá na roda/ Roda de brincar/ Prosa na boca do vento/ E vem marear”.

Ouvindo aquilo, o comandante do barco abre-alas, almirante Nilo Coutinho, quase teve um infarto.

Pelas regras do jogo, mesmo os blocos de embalo tinham de apresentar um samba ou marchinha original.

Aquela mudança repentina tinha um claro cheiro de desclassificação.

Os meninos do Morro e a multidão presente na Djalma Batista, entretanto, não estavam nem aí e continuavam cantando a plenos pulmões:

“Eis o cortejo irreal/ Com as maravilhas do mar/ Fazendo o meu carnaval/ É a brisa a brincar/ A luz raiou pra clarear a poesia/ Num sentimento que desperta na folia/ Amor, amor/ Amor sorria ôôô/ Um novo tempo despertou/ E lá vou eu/ Pela imensidão do mar/ Essa onda que borda a avenida de espuma/ Me arrasta a sambar”.

O bloco “Caxangá na Folia” deixou a Djalma Batista debaixo de aplausos apoteóticos.

Foi desclassificado, claro, e os meninos do Morro, excomungados pelo armador. Mas, também, não se pode ganhar todas.


Nos meses seguintes, durante as rodas de pagode no Bar do Raimundo Cunha, Jairo Beira-mar, Bosco Saraiva, Calama, Chocolate e Xenxén, entre outros, voltaram a discutir a necessidade de criar um ponto de referência cultural no Morro da Liberdade, capaz de aglutinar os moradores e conter a onda de violência que estava se alastrando pelo bairro.

Bosco Saraiva andava empolgado com os versos que Neguinho da Beija-Flor fizera para sua escola e que cantava sempre, alguns momentos, antes do desfile:

“É ela/ Maravilhosa e soberana/ De fato nilopolitana/ Enamorada desse meu país/ É ela, a deusa da passarela, razão do meu cantar feliz/ É ela, um festival de prata em plena pista/ É o sorriso alegre do sambista/ Ao ecoar do som de um tambor/ Beija-Flor minha escola, minha vida meu amor”.

Se tivessem de criar alguma coisa, o GRES Beija-Flor de Nilópolis teria de servir de modelo.


O ex-diretor de bateria do “Caxangá na Folia” tinha razão. A Beija-Flor não é uma escola qualquer.

Com sede em Nilópolis, a escola encontra-se profundamente enraizada na alma dessa comunidade.

Ser da Beija-Flor é quase uma religião, é uma paixão devocional para toda a vida.

Quem é da Beija-Flor não divide o coração com outra escola. O amor, apesar de imenso, só dá para uma.

Para esse sentimento generalizado, não deixaram certamente de contribuir os vários títulos conquistados pela escola nos últimos anos.

Mas para esse sentimento, tem vindo contribuir, também, em larga medida, o trabalho comunitário levado a cabo pela escola.


Nilópolis é um município da Baixada Fluminense que, já naquela época, tinha vindo a merecer referências elogiosas por parte de organismos internacionais.

Longe da preferência das elites, a cidade foi, mesmo assim, considerada pelas Nações Unidas como a primeira em qualidade de vida e a segunda em educação, em toda a área da Baixada.

Pelo trabalho de formação que cotidianamente desenvolve com a população local, a Beija-Flor lega a essa realidade uma inestimável contribuição.

Pode-se mesmo dizer que a escola contraria as palavras de Martinho da Vila, porque, afinal, em Nilópolis, nem tudo se acaba na quarta-feira.

Sem dúvidas, aquele era um belo exemplo a ser imitado.

Porém, ah, porém, como na canção de Paulinho da Viola, havia um caso diferente que marcou um breve tempo: os meninos do Morro não tinham interesse em criar uma escola de samba para competir com o GRES Em Cima da Hora, de João Batista.

Se tivessem que criar alguma agremiação carnavalesca, seria um bloco de embalo. E a inspiração passou a ser o bloco Cacique de Ramos, do Rio de Janeiro.

Depois de muitas reuniões na casa de Ivarnar Sena (“Pirulito”) e na Oficina do Abdon, os meninos do Morro marcaram um dia para a fundação definitiva da nova agremiação.

Ficou acordado que quem estivesse presente no encontro seria considerado sócio-fundador.

A reunião acabou ocorrendo na casa de Odilson, cuja única relação com o samba era ser cunhado de Pirulito.

Pelo fato de a reunião ter ocorrido em sua residência, ele também acabou sendo considerado sócio-fundador.


As cores escolhidas (verde e branco) era uma tentativa de não se envolver na velha rixa existente entre Libermorro e Olaria, e também para não ser confundido com uma filial do GRES Em Cima da Hora.

O nome, Reino Unido, era um chamamento ao companheirismo, à solidariedade e à união entre os moradores do bairro, já que o bloco também iria ter um viés comunitário.

O símbolo, a Coroa Imperial, sugestão de Bosco Saraiva, representava a alteza e a dignidade dos brincantes do Reino.

O slogan, “O melhor samba”, foi sugestão de Jairo Beira-mar, para traduzir o estado de espírito do bloco.

Essa reunião foi realizada no final de agosto de 1981, mas eles acordaram que a data de fundação seria 5 de setembro, por ser a data de elevação do Amazonas à categoria de Província e, obviamente, porque caía num feriado.

Ninguém ia ter desculpas para deixar de festejar a data.

Estavam presentes na fundação do bloco os seguintes sambistas: Osias Mendonça da Silva (“Gaia”), Gerson Lopes da Silva (“Xenxén”), João Bosco Gomes Saraiva, Jorge Hallen Lima da Silva (“Chocolate”), Francisco Campos dos Santos (“Calama”), João Antônio da Silva, Jairo de Paula Beira-Mar, Ivamar Sena do Nascimento (“Pirulito”), Francisco Ferreira Maciel (“Chico Perneta”), João Bosco Menezes de Aquino, José Ribamar Moura Saraiva (“Zeca do Passo”), Vicente Neto Machado da Costa, Ely Costa Manso e Roberto Soares Aragão.

Otimista como sempre, Bosco Saraiva fez uma previsão: “Dentro de dez anos, nós vamos ser o maior bloco de empolgação do país, maior até que o Cacique de Ramos!”

Diante da incredulidade dos demais fundadores, ele explicou a mágica.

“No próximo ano, nós vamos sair com cem brincantes. Aí, basta a gente ir dobrando o número de brincantes a cada ano. No final da década, a gente já vai estar com mais de 20 mil brincantes. Mas pra isso dar certo precisamos trabalhar duro. Então, vamos arregaçar as mangas e começar!”, avisou.

No mesmo ano, os meninos do Morro montaram um palco na rua Martins Santana, em frente à casa de Pelé, filho da Mãe Zulmira, e começaram a fazer suas rodas de samba.

Antes, eles haviam pedido da Mãe Zulmira, a título de empréstimo, o terreno onde rolava o Arraial do Tira-Prosa, mas ela não cedeu por considerar os meninos muito irresponsáveis.

O primeiro cantor a subir no palco armado pelo novo bloco foi Zeca do Passo, que cantou um samba de Chico da Silva.

A rua ficou apinhada de gente. Começava a trajetória do bloco Reino Unido da Liberdade.

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