domingo, 8 de abril de 2012

ACADÊMICOS DO SALGUEIRO


Em 1927, Lindenbergh cruzava o Atlântico, o Spirit of Saint Louis invadia o mundo, Sacco e Vanzetti eram executados, o espírito da solidariedade comovia o mundo, Leon Trotsky era expulso do Partido Comunista, o espírito da dissenção preocupava o mundo. No morro do Salgueiro, eram vários os agrupamentos de samba, o mundo nem tomava conhecimento.

O Bloco Terreiro Grande, que levava as cores azul e rosa, reunia a preferência da maioria: nas batalhas de confete que se realizavam na Tijuca sempre fazia bonito. Foi Antenor Gargalhada quem liderou uma ala dissidente do Terreiro e fundou o bloco Azul e Branco do Salgueiro. A estas alturas o Terreiro mudou o nome para Unidos do Salgueiro, conservando, no entanto, as cores azul e rosa. Outro bloco surgiu ainda, o Depois Eu Digo (verde e branco), aparecendo como tertius na opção que os habitantes do morro podiam fazer.

Esta multiplicidade de blocos levou o sambista Totico a sugerir, em 1953, a fusão dos três para fortalecer o samba no morro. Mas os Unidos do Salgueiro não aceitaram a idéia que, entretanto, foi subscrita pelo pessoal do Azul e Branco e do Depois Eu Digo, nascendo então o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, existente na Chacrinha, local vizinho ao morro do Salgueiro e que, motivado e sensibilizado pela escola de suas cores, também aderiu aos Acadêmicos.

A fundação oficial deu-se em março de 1953, tendo sido eleito como primeiro presidente Paulinho de Oliveira, que se dedicou inteiramente à total integração do Salgueiro. No carnaval de 1954 a escola obtinha o terceiro lugar com o enredo Romaria à Bahia. Daí em diante, o Salgueiro marcou sempre a sua presença nos desfiles, até que em 1959 chegou em terceiro lugar com o enredo Viagens Pitorescas Através Do Brasil, que ficou conhecido como “Debret”.

Os figurinos, ou riscos, como os denominam os componentes das escolas de samba, e as alegorias foram um trabalho do casal Dirceu e Maria Luisa Nery, artistas plásticos de inquestionável vivência popular. O inspirador do enredo foi Nelson de Andrade, que a partir dali abria uma enorme senda e fixava um marco na história das escolas.

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