domingo, 8 de abril de 2012

NATAL


A Portela deu ao samba uma figura definitiva e dificilmente superável: Natalino José do Nascimento, o Natal. Um dos fundadores da escola e batalhador incansável até o dia em que faleceu, 8 de abril de 1975, ele foi um líder inconteste.

Paulista de nascimento, tendo nascido na cidade de Queluz, em 1905, Natal antes de conhecer o Rio conheceu Madureira. E lá foi sua fortaleza e cenário para a sua vida que conheceu os extremos da pobreza e tranquilidade do dinheiro farto. Ele mesmo declarou certa vez: “Meu dinheiro ia uma parte para minha família, outra para a escola e o resto eu distribuía para quem precisasse.”

Figura humana que impressionava no primeiro contato, Natal viu criar-se em torno dele um folclore vasto e rico. A sua vida, o seu entusiasmo, cevaram-se na paixão que ele porejava pela sua escola, a azul e branco, a da águia alva e altaneira. Carnavalesco convicto, sambista indomável, sem nunca ter composto um samba, tocado uma caixa de fósforos ou sambado num terreiro, poucos fizeram pelo samba o que ele fez.

Dava gosto vê-lo nos confortáveis chinelos, paletó de pijama, chapéu à cabeça, tendo o cumprimento dado pelo braço que lhe restava ser disputado por autoridades, políticos, madames de sociedade e componentes de outras escolas, no dia do desfile. Ele vinha à frente de sua gente, jamais houve melhor abre-alas, era um símbolo de força e de amor. De amor à sua escola, ao seu enredo, ao seu samba, ao nosso carnaval.

Natal costumava contar que se fantasiou somente uma vez em toda a sua vida. Foi num banho de mar à fantasia em Copacabana (Posto 4), organizado pelo jornal A Noite, e mesmo assim ele vinha dentro de uma burrinha (disfarce que dominou o carnaval carioca durante uma época).

Primo de Paulo da Portela e de quem se considerava um discípulo, nos primeiros desfiles da Praça Onze ele era da brigada de choque da Portela. Não enjeitava parada. E assim foi até o último dos seus dias, quando foi acompanhado até a derradeira morada por uma multidão incalculável que acenava lenços brancos, como a sua águia, que tantas alegrias lhe deu.

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