No dia 16 de janeiro de 2005, o semanário anarquista Maskate publicou a seguinte matéria:
Está tudo pronto para o carnaval da Banda do Cinco Estrelas, que acontece na terça-feira gorda, em frente ao Bar do Charles, ao lado do Cheik Club, no centro de Manaus.
“Esse ano nós vamos homenagear o vice-presidente da banda, o advogado Domingos Chalub, que acabou de ser nomeado desembargador do Amazonas”, avisa Charles Stones.
“Além do Trio Elétrico Ciclone, nós vamos contar com a banda Bicho Doido, os DJs Marcos Tubarão, Raidi Rebelo e Marcos Animal e as passistas mais bonitas da escola de samba Balaku-Blaku”, diz ele. “A festa tem hora pra começar, mas não tem hora pra terminar porque é o último grande baile a céu aberto no centro antigo de Manaus.”
Segundo o presidente da banda, advogado Eliezer Gonzáles, as camisas começarão a ser vendidas a partir de segunda-feira, 17, ao preço de R$ 10,00.
Mais uma vez, a arte foi elaborada pelo artista plástico Jorge Palheta, que ilustra as camisetas da banda desde o seu início e possui dezenas de caricaturas ornamentando as paredes do mafuá.
“Não posso falar sobre a ilustração porque é segredo de estado”, desconversa o advogado.
Em 1996, depois que Charles Stones abandonou a função de garçom do Bar do Armando para administrar seu próprio negocio, um grupo de biqueiros começou a freqüentar o bar e decidiu fundar uma filial da BICA no local.
Nascia assim uma das bandas mais animadas e irreverentes da cidade, que agita a terça-feira gorda do velho centro histórico de Manaus que, antes de a banda existir, assemelhava-se a uma cidade fantasma durante o feriado de carnaval.
A filha pródiga da BICA cresceu, engrossou a couraça e continua conquistando mais admiradores a cada ano que passa.
“Vem muito turista aqui, principalmente gringos, porque a cidade fica deserta e eles não sabem direito onde ir se divertir”, explica Charles.
A Banda do Cinco Estrelas leva mais de 10 mil pessoas à avenida Getúlio Vargas, no ultimo dia de carnaval, protagonizando uma das melhores festas de rua da cidade.
O nome da banda é inspirado nas atividades do próprio Charles, quando era garçom do Armando.
A cada freguês conhecido que chegava no boteco, ele gritava para o português: “Armando, uma cerveja estupidamente gelada pro Dr. Jomar Fernandes, que ele é cinco estrelas”.
O termo acabou sendo incorporado ao próprio nome do garçom, que virou “Charles Cinco Estrelas”.
Para garantir o sucesso da festa e começar a ter identidade própria, a banda ganhou sua primeira marchinha (na realidade, trata-se de um frevo!), composta especialmente pelos biqueiros Simão Pessoa e Davi Almeida.
Na letra, eles homenageiam alguns dos fundadores da banda do Charles Stones.
O frevo alucinado foi gravado pelo grupo Dente de Dragão. Curtam.
Frevo Cinco Estrelas
Há dez anos, amor
Há dez anos
Que tu brincas
Com meu brinco, amor
Solto o meu grito
E me calo
Em teu agito
Nesse frevo
Com fervor
Há dez anos, amor
E não vai acabar
É a nossa melhor banda
Que abunda esse lugar
É a banda do Palheta?
É, sim, senhor!
É a banda do Trindade?
É, sim, senhor!
É a banda que abunda,
Que sacode,
Que remexe,
Explodindo
Essa cidade
É do Dr. Eliezer?
É, sim, senhor!
É do Lamego e do Charles?
É, sim, senhor!
Todo mundo
Após a BICA
Nessa banda
Canta e grita
Enche a cara
De prazer
Vamos embora
Se embola comigo
Me aperta
Me beija
Me dá um sorriso
E ferve o frevo
Até o amanhecer
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