Na semana de 14 a 20 de outubro de 2001, o anarquista semanário Maskate publicou a seguinte matéria:
Em reunião secreta realizada no último dia 9, na sala da presidência da Assembléia Legislativa do Estado (ALE), o deputado Lupércio Ramos, atual presidente da ALE, anunciou aos deputados presentes que se não conseguisse provar sua inocência em 72 horas, no caso do aborto forçado da menor RMS, renunciaria ao mandato, sem a necessidade da abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar.
Lupércio foi acusado de engravidar RMS e forçá-la, por intermédio de dois assessores, a fazer um aborto numa clínica localizada no bairro da Alvorada, próxima da Delegacia do Menor.
A clínica pertence ao conhecido Dr. Duval.
Durante a reunião com todos os deputados da Assembléia, Lupércio implorou que ninguém tocasse no assunto durante as sessões plenárias até que conseguisse apresentar as provas de sua inocência. A situação do parlamentar está cada vez mais complicada.
A Policia Civil está procurando pelos dois assessores do deputado envolvidos na trama (Compadre Batista e Renata Maquiné), mas eles encontram-se em lugar incerto e não sabido.
O deputado tem evitado a imprensa e o único álibi que apresentou até agora (uma carta escrita por RMS, pedindo desculpas do político e dizendo estar grávida de um namorado chamado Junior) já foi detonado pela mãe da menor.
Segundo Maria da Glória, sua filha foi obrigada por Renata Maquiné a redigir a carta, sendo que o teor da mesma foi ditado pela própria assessora do deputado.
No início da semana, RMS foi submetida a uma curetagem na maternidade Balbina Mestrinho, para retirada da placenta e de pedaços do feto que continuavam dentro do seu organismo.
Os médicos também conseguiram debelar o quadro infeccioso que abatia a menor desde que a mesma foi submetida a um aborto químico forçado no dia 2 de outubro, terça-feira.
Segundo RMS, ela foi sedada na clínica na terça-feira pela amanhã e quando recobrou os sentidos, à noite, estava muito tonta e sangrava em abundância.
Ela foi levada a um sítio, no km 10 da BR-174, que pertence a Renata Maquiné, onde passou dois dias, e só voltou para casa na noite de quinta-feira.
No sábado, a reportagem de A Crítica esteve na casa da menor, apurando o fato, que foi publicado na edição de domingo, dia 7.
Na quarta-feira, 10, dona Maria da Glória esteve no Ministério Publico, prestando depoimento ao promotor de Justiça Walber Nascimento, do 1º Tribunal do Júri da Capital.
O promotor requisitou a instauração de inquérito policial para apurar a responsabilidade criminal do deputado Lupércio Ramos pela prática do crime previsto no art. 125 do CPB, tendo como vítima a adolescente RMS.
O promotor também vai solicitar que seja feito um exame de DNA, comparando o material genético do feto e o material genético do deputado.
A dona de casa Maria da Glória e a adolescente RMS estão convictas de que se o exame não for manipulado, será comprovado que Lupércio matou o próprio filho.
Como o aborto foi feito sem o consentimento de RMS e a gestante sofreu lesão corporal de natureza grave (a perda da virgindade, entre outras), se forem condenados pela Justiça o deputado Lupércio Ramos, o chefe de Comunicação da ALE, Compadre Batista, e a repórter Renata Maquiné, poderão pegar de 4 a 13 anos de prisão.
O caso ainda está longe de terminar, mas a decisão final vai ficar com a Justiça. O Ministério Público e a OAB estão acompanhando o processo.
A adolescente conheceu Lupércio Ramos depois que enviou uma cartinha para o programa televisivo do deputado, que costuma celebrar aniversário de debutantes.
Ela foi uma das sorteadas e teve direito a uma festa de 15 anos, bancada pela deputado, no barraco onde mora, no beco Maués, no “bodozal” da Cachoeirinha.
Lupércio ficou encantado pela inocência pura e besta da garota, passando a assedia-la diariamente, com pequenos presentes e dinheiro, entregues à garota pela repórter Renata Maquiné.
Não custou muito para Renata convencer a menina a se encontrar com o deputado num “abatedouro” clandestino, localizado no Amazonas Flat.
No inicio, segundo a RMS, o deputado só dava uns “amassos”. Depois, começou a exigir que a menina tirasse a roupa, enquanto se masturbava a distância.
Nos últimos encontros, com os dois “pelados”, ele começou a “encoxar”, a adolescente, sem penetração, e a esporrar sobre ela.
Foi numa dessas “brincadeiras” que a adolescente RMS acabou engravidando.
O deputado acusou o governador Amazonino Mendes de estar por trás da armação, argumentando que aquilo era uma retaliação por ter deixado o PFL do governador e se filiado ao PL do prefeito Alfredo Nascimento, tentando dar um caráter político às acusações de RMS.
Quase um mês depois do aborto da adolescente vir à tona, o juiz da Infância e Adolescência, Celso Gióia, que entrou no caso de enxerido, explicou que durante a coleta dos restos de placenta feita na Balbina Mestrinho, alguém, inadvertidamente, havia colocado clorofórmio para conservar o material e acabou por inutilizar o mesmo, ficando definitivamente impossibilitado o exame de DNA.
Depois de uma série de desmentidos das vítimas, que tiveram até de se mudar de Manaus para escapar das ameaças de pessoas ligadas ao deputado Lupércio Ramos, o processo foi encerrado por falta de provas.
A história foi sopa no mel.
Como a BICA estava completando 15 anos em 2002, o tema escolhido foi a “Festa dos Meus Quinze Ânus”, numa justa homenagem às debutantes do Lupércio Ramos, que no mesmo ano acabou se elegendo deputado federal. Arre égua!
A Festa dos Meus Quinze Ânus
Autor: Nagô Nogar (Tudo vê, tudo informa!)
Médium: Américo Madrugada
Eu queria também
Comemorar a festa
Dos meus 15 ânus
Então Compadre Batista
Me ofereceu um patrocínio
Que era do Lupércio Ramos
É Dr. Jóia
Entrei num beco sem saída
Complicaram a minha vida
E forjaram o DNA
Até o Compadre Batista desconfiado
Égua, o Lupércio é vigário
Tá com a minha BICA na mão!
Punheta pra lá,
Suruba pra cá,
E o tempo todo
A debutante a reclamar
Punheta pra lá,
Suruba pra cá,
Égua, o Lupércio é vigário
Não consegue emprenhar!
Eberval, Pedro Paulo, Eduardinho, Mário Adolfo e Amecy Souza
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