sábado, 29 de janeiro de 2011

Carnaval 2007 - Rikinho Filhinho de Papai


A possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas sempre foi veementemente negada pelos Tribunais Eleitorais, nada obstante que qualquer pessoa um pouco mais “letrada” em TI (Tecnologia & Informação) saiba que a medida da força de uma corrente é a do mais frágil de seus elos.

Pois bem, em janeiro de 2007, a revista Veja noticiou uma situação que estava tirando o sono dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral: a existência de uma série de irregularidades na apuração dos votos no Estado de Alagoas.

Incongruências que iam da totalização do número de votos de urnas inexistentes até a ausência de registro de votos de algumas urnas. Veja a matéria, assinada pelo jornalista Diego Escosteguy:

O sistema brasileiro de voto eletrônico é o melhor, mais eficiente e mais abrangente do mundo. As eleições brasileiras são feitas com a certeza de que as urnas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são invioláveis.

Não passa pela cabeça de ninguém questionar a lisura do sistema. Exatamente por essa razão está tirando o sono do TSE a suspeita de que podem ter sido resultado de fraude as falhas em um grande número de urnas eletrônicas de Alagoas nas eleições do ano passado.

Um laudo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos centros de pesquisa mais tradicionais e respeitados do país, revela que mais de um terço das urnas eletrônicas do estado registram indícios de manipulação criminosa.

A análise da memória dos computadores que processaram os resultados das eleições alagoanas revelou que:

• O número de votos registrados em algumas urnas foi menor do que o número de eleitores que efetivamente votaram.

• Foram totalizados votos oriundos de urnas que não existiam.

• Algumas urnas misteriosamente não registraram voto algum.

A gravidade das falhas é maior ainda em vista do grau de confiabilidade que os brasileiros e os políticos depositam no sistema e do fato de que as urnas são exatamente iguais em todo o país. Se uma urna pode ser violada, as outras também podem.

O TSE não considera o laudo do ITA definitivo e vai encomendar uma auditoria independente para saber o que ocorreu em Alagoas. Mas o alerta amarelo foi aceso.


O ex-senador tucano Teotonio Vilela Filho

A revelação de que as urnas eletrônicas podem não ser imunes a fraudes nasceu de uma disputa paroquial em Alagoas, onde o tucano Teotonio Vilela Filho venceu a disputa para governador.

O resultado foi surpreendente. Dias antes da eleição, Teotonio, segundo os institutos de pesquisa, estava tecnicamente empatado com o deputado João Lyra, do PTB.

Abertas as urnas, ou melhor, revelado o conteúdo de seus bancos de memória, Teotonio Vilela obteve quase o dobro de votos do seu adversário.

Lyra perdeu em conhecidos currais eleitorais de sua família. Perdeu até mesmo em municípios onde tinha a certeza absoluta de que venceria – não por clarividência, mas pelas velhas tradições da política nordestina que ainda permitem que os candidatos adquiram esse tipo de convicção.

“Era absolutamente óbvio que algo de estranho havia acontecido”, disse o petebista, que contatou o advogado Fernando Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, e narrou suas suspeitas. Foi do advogado a sugestão de contratar uma auditoria qualificada para tirar as dúvidas.

VEJA teve acesso ao laudo de sessenta páginas produzido pelo professor Clovis Torres Fernandes, diretor da Divisão de Ciência da Computação do ITA. As conclusões já foram apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Por segurança e para dar transparência ao processo eleitoral, todas as atividades das urnas eletrônicas ficam gravadas numa espécie de “caixa-preta” – os chamados “logs” – e são disponibilizadas a quem se interessar em consultá-las.

Dessa forma, pode-se saber em detalhes a que horas o aparelho foi ligado ou desligado, os programas implantados ou se ocorreu algum tipo de falha de processamento.

A análise do especialista revelou que alguns sinais excluem a possibilidade de mau funcionamento e apontam mesmo para fraude:

• Em 35% das urnas utilizadas nas eleições de Alagoas os arquivos apresentaram erros bizarros e comportamentos irregulares.

• Pelos dados oficiais votaram 1.514.113 eleitores alagoanos. O sistema eletrônico de voto, porém, registra 22.562 eleitores a menos. Não se sabe se esses votos foram subtraídos de algum candidato, se nunca existiram ou como e por que foram manipulados.

“A diferença é uma quantidade expressiva, mas o mais significativo é que ela coloca em dúvida o trabalho de totalização para todo o estado de Alagoas”, escreveu o professor Fernandes. Outras pistas estão sendo seguidas e algumas reforçam a hipótese de fraude.

A perícia apontou a existência de 29 urnas cujos votos foram computados normalmente pelo Tribunal Regional Eleitoral. Só que essas urnas não aparecem nos registros do tribunal. Até prova em contrário, elas são “urnas-fantasma”.

Nas cidades de Branquinha e Taquarana, no interior do estado, outra estranheza: os votos das duas localidades foram registrados com códigos de lugares inexistentes. Ou seja: oficialmente, não existiu eleição nos municípios ou, se existiu, não se sabe para onde foram os votos.

A perícia mostra também que em outras 121 urnas não foi instalado o programa que totaliza os votos, 157 tiveram o número de identificação alterado durante o período de votação e 162 registraram na memória códigos desconhecidos e sem sentido.

Em 36 cidades de Alagoas, as urnas não informaram se foi emitida a lista comprovando que todos os candidatos estavam com os votos zerados no início do pleito. O laudo aponta ainda casos de urnas perdidas no tempo (com a data de votação como 17 de junho de 2002), urnas ocas (sem nenhuma informação dentro – embora os votos computados nelas tenham sido validados pela Justiça Eleitoral) e até uma urna que registrava voto para cargo inexistente.

Conclui o perito: “Um ou dois tipos de erro seriam aceitáveis, mas a quantidade e o padrão das irregularidades verificadas são inadmissíveis. Isso não é uma questão menor. Pela gravidade e extensão dos problemas, os indícios de fraude são fortes”.


O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, determinou que seja feita uma rigorosa investigação sobre o caso. “São dados preocupantes”, disse.

O secretário de tecnologia da informação do TSE, Giuseppe Jamino, admitiu as falhas nas urnas. Ele assegura, porém, que elas não influenciaram no resultado das eleições. Para Jamino, as falhas parecem ser de natureza técnica e ocorreram principalmente nos sistemas de registro das atividades das urnas.

Em Rondônia, a Polícia Federal investiga uma denúncia de fraude eleitoral de natureza totalmente distinta.

O esquema teria a participação de técnicos do Tribunal Regional Eleitoral. Nas últimas eleições, Josué Donadon, irmão e assessor do candidato ao Senado Melkisedek Donadon, contou à polícia que foi procurado por uma pessoa, quinze dias antes do pleito, que lhe propôs alterar os votos das urnas.

Essa pessoa, ainda não identificada, relatou que tinha contatos com técnicos do tribunal que poderiam introduzir um software pirata nas urnas e, assim, dirigir votos para quem ela quisesse. Ofereceu o serviço por R$ 300 mil.

O candidato, que não aceitou a proposta, perdeu a eleição, mas a PF continua apurando a existência do esquema.

A suspeita de fraude pela manipulação eletrônica em Alagoas é um caso único. Suas conseqüências são imprevisíveis.

Essa suspeita pode provocar uma avalanche de pedidos de investigação em todo o país e colocar em xeque a confiabilidade do sistema eletrônico de votação.

Por isso, é vital que o TSE esclareça o caso o mais rápido possível e de tal modo a evitar que as falhas se repitam. As urnas eletrônicas são um orgulho nacional e é preciso cuidar para que continuem sendo.

No Amazonas, a eleição também apresentou algumas surpresas.


Filho do prefeito Serafim Corrêa, Marcelo Serafim foi candidato a vereador na mesma eleição em que Sarafa foi eleito (2004) e obteve menos de 3 mil votos.

Dois anos depois, sem que tivesse realizado qualquer coisa de excepcional, ele se elegeu deputado federal com 92 mil votos.


Filha do empresário Francisco Garcia, Rebecca Garcia era presidente da ONG Moça Bonita, de baixíssima visibilidade, e nunca tinha disputado uma eleição.

Foi eleita deputada federal com 81 mil votos.

O deputado federal mais votado foi Carlos Souza, que recebeu 147 mil votos, graças a um programa televisivo retratando o mundo cão chamado Canal Livre.

Seu irmão, Wallace Souza, também apresentador do mesmo programa, foi o deputado estadual mais votado com mais de 50 mil votos.


O vereador Sabino Castelo Branco foi o segundo deputado federal mais votado do pleito, com 139 mil votos, graças a um programa televisivo retratando o mundo cão chamado Bronca na TV.

Ele ainda ajudou a eleger deputada estadual sua mulher, a delegada Vera Castelo Branco, apesar de ter lhe arrebentado a cara de porrada a duas semanas da eleição.

Na disputa para a Assembléia Legislativa do Amazonas, as coisas não foram muito diferentes.


O radialista e vereador Josué Neto foi eleito deputado estadual, com 15 mil votos, sendo que a maioria dos votos era oriunda do interior do estado, onde ele era pouco conhecido.

O radialista foi beneficiado pela rádio Difusora, de propriedade de seu pai, que possui repetidoras em mais de 50 municípios e fez propaganda do candidato diuturnamente.


Filho do senador Artur Neto, o deputado Artur Bisneto foi reeleito com 14 mil votos, depois de uma disputa acirrada, voto a voto, com o candidato Don Marques, de Itacoatiara.

Artur Bisneto quase foi cassado pela ALE por quebra de decoro palamentar depois de ter se metido em uma grande confusão em Fortaleza, tendo, inclusive, mostrado a bunda para uma delegada local.

Candidatos praticamente desconhecidos, como Walzenir Falcão e David Almeida, foram eleitos – o primeiro, em um esquema envolvendo o pagamento de seguro desemprego aos pescadores artesanais, o segundo com o beneplácito dos pastores da Igreja Universal.


Edu do Banjo, Mestre Pinheiro e Mário Adolfo

No dia 23 de janeiro de 2007, publiquei o texto abaixo no simaopessoa.blog.uol.com.br:

Ontem, depois de uma cachaçada infernal na casa do Mário Adolfo, ali no Conjunto Tiradentes, ficou pronta mais uma letra da escrachada Banda Independente Confraria do Armando (BICA), que entra na disputa oficial na próxima quinta-feira, no Bar do Armando.

Entre os médiuns presentes na efeméride poetílica estavam o anfitrião Mário Adolfo, Mário Adolfo Filho, Edu do Banjo, João Roberto Pinheiro e este escriba.

Os autores da música são Gilberto Barbosa (Gil, para os íntimos), Little Box, Adamor Guedes, Elton Pio e Pepeta Close, todos já “desencarnados”, como manda a tradição da BICA.

O refrão inicial deve ser cantado no ritmo português do “liro-liro-lá”.

A letra propriamente dita é uma marchinha abusada, quase um frevo frenético. Curtam:



Papai eu quero mamar

Armando deu a idéia,
Dona Lourdes achou legal (repete)
Montanha, meu garoto, meu tesouro,
Deputado federal (repete)

Papai eu quero, papai eu quero
Papai eu quero mamar
Arranja uma boquinha no poder
Só tu que comes eu também quero comer

Agora vidou moda na família
Mama o papai, o filhinho e a filha
Chegou a hora de comprar a eleição
É a Máfia toda na babita da Nação

Eu sou a filha do Chiquito Bacana
Tenho muita grana, sou levada da breca
Bastou abrir a carteira do papai
Agora sou deputada Rebecca

Lambança fez o filhote do Artur
Ficando nu lá na Volta da Jurema
Na eleição seu pai-pai fez a mutreta
E foi Donmarques quem tomou na tarrasqueta

Um Serafim amola muita gente
Dois serafins amolam muito mais
Marcelinho é bom menino e leva jeito
Porém só goza com a BICA do prefeito

É dando que se recebe
Já dizia com fé Maria
Adubando tudo cresce
Até Josué dá cria


Uma semana depois, uma segunda marchinha foi apresentada no ensaio da BICA.

Intitulada “Ele é Rikinho”, ela foi composta por Davi Almeida, Afonso Toscano e Simão Pessoa e atribuída aos falecidos “biqueiros” Wagner Cristiano, Nestor Nascimento e Rosendo Lima.



Ele é Rikinho

Hei! Você aí me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí

Agora vai, agora vai
Ele é Rikinho
É Filhinho de Papai

Ganhou um brinquedo novo
Vai à Brasília brincar
Não vai mais dar pitaco
Vai deixar o gajo trabalhar

Manaus Cubata Africana
Tá uma zona vou pra Bagdá

Ô Vera, ô Veroca
Mais quem foi que te bateu?

Foi ele, foi ele sim,
Foi o Sabino que meteu o pau em mim

Artur Bundinha e Marcelo Tracajá
Fizeram tudo como manda o figurino
E cá na BICA agora vão entrar
E rebolar no Regional do Mariolino

Vixi! Cruz credo, credo em cruz
Qual é a bronca que te seduz?
Olha que eu mato, eu mato
Quem se meter a besta
De ganhar o meu mandato

A Lourdes disse e o Armando confirmou
Esta cidade está uma zorra total
Quero cantar, quero vibrar e ser feliz.
Entrar na Bica só se for em Portugal.


Depois que a música foi gravada pelo vocalista Assis, do GRES Mocidade Independente de Aparecida, Mário Adolfo, Edu do Banjo e Mestre Pinheiro (eu não, que eu não sou chegado...) começaram a divulgar a marchinha nas rádios e programas de tevê, numa espécie de marketing viral.


O psicólogo e cantor Assis com Mestre Pinheiro


Mário Adolfo, Robson Tiradentes e Mestre Pinheiro


Paulo Onça, Simão Pessoa, Mario Adolfo Filho e Mário Adolfo, na Amazonas FM ao vivo


Edu do Banjo, Maristela, Cristovão Nonato, Katarina, Mestre Pinheiro e Mário Adolfo na TV Cultura


Edu do Banjo, Cristovão Nonato e Mário Adolfo na TV Ufam

Resultado: em menos de uma semana, a marchinha Filhinhos de Papai já era a música mais solicitada pelos ouvintes da cidade.

Conhecido desafeto da BICA, o radialista Josué Filho não apenas vetou a divulgação da música na rádio Difusora como passou a esculachar os biqueiros no seu programa dominical.

Ele cismou que o verso Com fé, Maria! era uma ofensa a sua falecida genitora Maria da Fé.

No dia 10 de fevereiro, o blog Picica, do Rogelio Casado, publicou o texto abaixo:


Jomar Fernandes, Armando e Chicão Cruz cantando um fado tropical

Fosse uma universidade seria chamada de UNI-BICA, tal é o patrimônio cultural criado pela mais irreverente das bandas do carnaval amazonense, destilado em 20 anos de história.

Para a Banda Independente Confraria do Armando (BICA), político que pisa na jaca é forte candidato a se tornar tema-enredo do carnaval. Assim foi com o ex-senador Bernardo Cabral (que reinventou o bolero Besame Mucho ao lado da ministra Zélia Cardoso), o ex-deputado federal Lupércio Ramos (que deixou de celebrar aniversários de debutantes por imcompatibilidade com o gênero), o atual deputado federal Sabino Castelo Branco (que armou um bafafá com uma sirigaita só pra infernizar a vida do canditado “Sarafa”), o ex-governador Gilberto Mestrinho (o resistível Boto Tucuxi e sua eterna implicância com os jacarés), o ex-governador Amazonino Mendes (e o séquito de baba-ovos que freqüentavam a mansão do Tarumã), o ex-prefeito Alfredo Nascimento (que inundou a cidade com palmeirinhas, criou o Stresso 171 e botou o Boto [ai!] de pijamas) e tantos outros.

Para seus detratores, as letras das marchinhas da BICA são atentatórias aos bons costumes, “e aos maus costumes, também”, arremata o poeta anarquista e fotógrafo profissional Marco Gomes.

Por isso, enquanto os cães latiam o cordão da BICA passou o cerol em muita instituição que ignorava o estado de direito, ora fazendo um festival com o dinheiro do contribuinte, ora praticando descaradamente o nepotismo, ou ainda fraudando impunemente eleições, e tantos outros escândalos impiedosamente criticados.

A BICA é fruto do encontro da fina flor da intelligentsia manauara com a fina flor da rapiocage luso-brasileira.

Ao fazer do Bar do Armando um observatório da cena político-social da taba, a BICA disseca a antropologia baré e levanta a bandeira pelo fim da era dos políticos que lavam a burra e mamam na égua. Os ingredientes: marchinhas, samba, suor, cerveja e muito humor.

Esta proeza, ainda hoje, só e possível graças à imensa paciência de Armando Soares (na foto, o gajo está a meter a boca num sax, à falta de um trombone) em acolher no seu botequim letrados, iletrados, artistas, poetas, escritores e vagabundos de um modo geral, não necessariamente nesta mesma ordem, e como se pode verificar a presença de vagabundos não tem caráter de exclusividade como acusou o nosso Ouvidor Geral do Estado Josué Filho ao ameaçar a BICA com um processo.

A bronca do Ouvidor – um dos mais estimados radialistas do Amazonas – resume-se ao fato de que seu filho foi um dos homenageados no tema-enredo do carnaval de 2007: os filhinhos de papai.

A letra da marchinha deste ano faz um referência explícita aos que se elegeram à sombra dos seus genitores.

Quatro deles se elegeram ou se re-elegeram através desse expediente na campanha de 2006, alguns deles ilustres desconhecidos ou com mandatos pífios, abaixo do que se esperava de um parlamentar vocacionado.

A BICA não iria deixar passar em branco essa (in)contestável vocação para o poder. O jovem político, que não é besta, mandou um agradecimento para a BICA, já o pai ficou uma arara.

Por essa e por outras que o carnaval da BICA é aguardado ansiosamente pelos amazonenses. Desde já, todos querem saber quem estará na berlinda no próximo carnaval.

Armando Soares, patrono da BICA

O cavalheiro que sopra o sax na fotografia acima deu o título de campeã do carnaval de 1999 para a Escola de Samba do Morro da Liberdade, com o tema Armando Brasileiro.

Depois disto, Armando Soares tornou-se Cidadão Manauara por indicação do então vereador Francisco Praciano, hoje deputado federal pelo PT, também um biqueiro da gema.

Desse jeito Armando se tornará o primeiro reitor da UNI-BICA, por nomeação do ex-professor do curso de Comunicação da Universidade Federal do Amazonas, presidente de honra da BICA, jornalista Deocleciano Bentes de Souza.

Evidentemente, a BICA jamais será uma UNI-qualquer coisa; seus estatutos não permitem.

Os outros dois cavalheiros que posam ao lado de Armando – o Juiz de Direito Jomar Fernandes à esquerda, e o Promotor Público Francisco Cruz à direita – não me deixam mentir.

Ambos são guardiães eméritos dos sagrados estatutos da BICA.

No dia 14 de fevereiro, no blog simaopessoa.blog.uol.com publiquei o seguinte texto:

Desabafo do leitor Márcio Ferreira, publicado hoje na seção de cartas do jornal A Crítica: “Não agüento mais o chororô do radialista Josué Filho diante de uma referência à mãe dele numa marchinha da BICA 2007. Tá certo que sem polêmica a banda do Armando não tem graça (a tentativa do então vereador Sabino de parar a festa alguns anos atrás vai entrar pra história). Mas acho que o Josué está exagerando, pois não há, na letra, qualquer referência desrespeitosa à dona Maria da Fé”.

Na semana passada, o jornalista Mário Adolfo, na coluna “Bom Dia”, do jornal Amazonas em Tempo, já havia abordado o mesmo assunto:

Magoou


O ex-deputado Josué Filho não gostou nem um pouquinho da marcha de enredo da Banda Independente da Confraria do Armando (BICA) para o Carnaval de 2007. E pegou pesado em seu programa de domingo. Disse que a indigesta marchinha é coisa de um “bando de vagabundos metidos a intelectuais e que nunca meteram um prego numa barra de sabão”.

Meu garoto

O que os biqueiros que tomaram o esporro não entenderam, é que a marcha não tem a intenção de ofender o Ouvidor. Cita apenas que seu filho, o simpático deputado Josué Neto (PSB) se elegeu em cima da popularidade do pai, que até hoje é dono de um legado político invejável. Confira o versinho: “É dando que se recebe/ já dizia com fé Maria/ Adubando tudo cresce/ até Josué dá cria!...” Onde está a ofensa?

Bom menino

Aliás, Josué Neto tem dado provas de que é mais inteligente, mais democrata e tem mais jogo de cintura do que seu velho pai. Ao encontrar um dos autores da marcha da Bica na Assembléia, acenou com um largo sorriso:

– Obrigado pela homenagem. Eu agradeci no ar!

Pau nele, companheiros!

Como o radialista Josué Filho insistiu em vomitar vitupérios para os biqueiros, via microfone da rádio Difusora, ao longo da semana que antecedeu o desfile, os dirigentes da banda resolveram dar o troco.

No sábado, diante de 50 mil pessoas que prestigiaram a saída da BICA, o juiz Jomar Fernandes e o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas, Deocleciano Souza, descascaram a macaxeira. Josué Filho foi mais malhado do que Judas flamenguista em reduto vascaíno. Deve estar zonzo até agora.


Beto Blue Bird e Ana Cláudia, a filha mais velha do Armando

Não participei do desfile da BICA deste ano porque, no sábado, fui assistir à final do Peladão de Masters, no campo do Sesi, entre os Jovens Livres, da Cachoeirinha (que tem como treinador meu brother Marco Aurélio, ex-Murrinhas do Egito), e Arsenal, da Colônia Oliveira Machado (que tem como treinador meu brother Gonzaga).

Foi um jogaço, que terminou em zero a zero.

O Arsenal ganhou nos pênaltis depois que um bandeirinha anulou uma defesa espetacular do goleiro Nei Capiroto, dos Jovens Livres, alegando que ele saíra do gol antes do Gleison meter o pé na bola e o juiz mandou repetir a cobrança, que na segunda vez foi convertida.

A solução foi comemorar o vice-campeonato invicto (que ainda teve o melhor ataque e a defesa menos vazada) dos Jovens Livres na sede do clube, na rua Ajuricaba, na baixa Cachoeirinha, cuja festa entrou pela madrugada.

Sem querer se envolver em polêmicas, o jornalista Mário Adolfo, na coluna “Bom Dia”, publicada ontem, fez o melhor relato do desfile da mais escrachada banda carnavalesca da cidade:

Encurralados

Única banda de Manaus que realmente desfila pelas ruas da cidade, a BICA, está literalmente encurralada. No antigo roteiro, a banda saía do Bar do Armando, no Largo São Sebastião, descia a Dez de Julho, pegava a Sete de Setembro, dobrava na avenida Eduardo Ribeiro e, novamente entrava na Dez de Julho.

Por onde?

Este percurso se tornou impossível quando a rádio Difusora atravessou um carro de som no meio da avenida Eduardo Ribeiro, quando lançou sua banda, também no sábado magro. A partir daí a BICA passou a subir a rua Barroso. Mas isso também se tornou impossível em 2006 porque o secretário de Cultura, Robério Braga, fechou o Largo com uma parede de tapume e a banda não conseguiu cruzar a praça para retornar ao bar.

Ficou difícil

No desfile de sábado, o roteiro foi invertido mais uma vez. Ao chegar na avenida Getúlio Vargas, ao invés de dobrar para a direita, a BICA seguiu pela esquerda, subiu a Ramos Ferreira e tentou entrar pela rua Tapajós para pegar a Dez de Julho. Mas, antes de chegar no antigo Luso Sporting Clube, já não conseguia devido à concentração de vendedores ambulantes e de foliões que fecharam a passagem.

2º Grupo

Ao observar a banda esfacelada, com o carro de som para um lado, bonecos mamulengos para o outro e os foliões mais perdidos que cego em tiroteio, a vereadora Lúcia Anthony (PCdoB), comentou:
– A concentração foi um sucesso, mas o desfile foi um fiasco. O pior que nós já fizemos em todos esses anos –, admitiu a tradicional biqueira.

Tradição

Dispostos a não abandonar a tradição do desfile, a diretoria da BICA vai reunir depois do Carnaval para tentar encontrar uma solução. Muitos defendem a idéia de seguir o roteiro original, com uma mudança. Quando chegar na Sete de Setembro, em vez de seguir até a Eduardo Ribeiro, contorna a Praça da Polícia, pega a Floriano Peixoto e segue novamente pela Getúlio Vargas retornando à Dez de Julho.

Biqueiro

Mesmo com o nome do filho satirizado na letra da BICA, o prefeito Serafim Corrêa (PSB) mostrou que apesar das críticas é um democrata. Manteve a tradição e foi à BICA, onde riu com a marchinha, abraçou antigos biqueiros, gente do povo e ainda desfilou pelas ruas de Manaus ao lado dos bonecos mamulengos, outra tradição da banda.

Febre do feno

Desconfio que é isso que deixa o Josué Filho puto da vida e acometido da febre da vaca louca: enquanto na BICA desfilam políticos, intelectuais, jornalistas, juízes, desembargadores, artistas plásticos, músicos, trabalhadores, sindicalistas, aposentados, estudantes, poetas, donas de casa, enfim, só pessoas de bem, na banda que ele promove só aparecem galerosos. Daí que em vez de sair nas páginas de Cultura dos jornais, a Banda da Difusora só rende manchetes nas editorias de Polícia. Deus dá o frio conforme o cobertor. Fazer o que?


Ensaio da bagaceira dentro do boteco


Erasmo Amazonas e Manuelzinho Batera


Edu do Banjo, Paulo Onça e Mario Adolfo


Zé Picanço, Dorotéia, Mestre Louro, Jomar Fernandes, Mário Adolfo, Cláudio da Portela e Elizabeth


Zé Agostinho, Jomar Fernandes, Armando e Amecy Souza


A rainha Petronila em dose dupla, aqui e acolá


A exuberância das mamonas assassinas da Kádia Eneida


Zé Picanço, Jomar Fernandes, Gilsinho Poeta e Magaly


Caio do Cavaco, Nego da Grande Rio e Edu do Banjo


Mario Adolfo e Biafra em uma parceria infernal


Nego da Grande Rio e Zé Picanço


Mario Adolfo e Biafra em uma parceria infernal. Acho que já li isso em algum lugar...

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