Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho
Fevereiro de 1985. Apesar de ser apenas um bloco de empolgação, o Reino Unido da Liberdade promovia animadas rodas de pagode na sua quadra improvisada.
Em um sábado, um sujeito de bermudas, sandálias havaianas e camisa de meia sobre um dos ombros, tentou entrar na quadra da escola, mas foi barrado pelo porteiro.
O sujeito se afastou silenciosamente e ficou parado no canto da rua observando a agitação, mais perdido do que cachorro quando cai do carro de mudança.
Jairo Beira-mar, que estava acompanhando a cena de dentro da quadra da escola, foi falar com o porteiro.
– Porra, Buião, eu estava só vendo o teu jeito! Por que foi que você não deixou aquele cidadão entrar? Eu não já falei que todo mundo é benvindo aqui na nossa escola?... – detonou Jairo Beira-mar.
– Ah, bicho, ele chegou aqui procurando por uma pessoa que nunca ouvi falar, um cara de nome invocado! –, explicou o porteiro. “Eu não dei nem confiança, falei apenas que não conhecia o sujeito. Agora vê se eu tenho cara de mané pra adular macho pra entrar. Fiquei na minha. Ele não entrou porque não quis...”
Jairo Beira-mar atravessou a rua e foi conversar com o cidadão.
– Meu amigo, eu sou diretor do bloco Reino Unido e queria pedir desculpas pelo ocorrido, mas se você quiser entrar na quadra pra participar do nosso pagode, fique à vontade!
– Tudo bem, bicho, tudo bem! É que eu sou do Rio de Janeiro e não conheço ninguém aqui. Quem me convidou pra esse pagode foi um amigo aqui de Manaus, o compositor Paulo Onça, mas parece que ele ainda não chegou...
– O Paulo Onça é meu amigo. Se você quiser, a gente pode esperar por ele lá dentro da quadra. Meu nome é Jairo Beira-mar!
– Tudo bem, bicho, tudo bem! Meu nome é Zeca Pagodinho!
Os dois entraram juntos na quadra e ficaram conversando até a chegada do compositor Paulo Onça.
No ano seguinte, o sambista “barrado” pelo Buião estreava em disco solo, “Zeca Pagodinho”, onde emplacou os sucessos “Coração em Desalinho”, “Quando Eu Contar (IáIá)”, “Judia de Mim” e “Brincadeira tem Hora”, atingindo a marca de um milhão de cópias vendidas.
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